O governador Mauro Mendes e aliados decidiram investir pesado para agregar novos nomes nos quadros da federação União Progressista (União Brasil e Partido Progressista), reforçando as candidaturas a deputado federal e a deputado estadual, nas eleições de 2026.
A bancada federal é que parametriza o valor dos fundos partidário e eleitoral, bem como o tempo de rádio e televisão, que são essenciais nas eleições gerais, que vão de presidente da Republica e vice, 27 governadores e vices, 54 senadores (ou 2/3 do Senado), 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais.
Para 2026, o fundo eleitoral, que existe para que os partidos e os candidatos tenham igualdade financeira na disputa eleitoral, somará R$ 4,9 bilhões. Dai a importância de se eleger mais deputados federais e agregar mais poder político e financeiro.
Atualmente, a maior parcela do fundo eleitoral pertence à União Progressista, que somou as forças do União e do PP (Partido Progressista), tornando-se o maior partido do Brasil e com maior representatividade eleitoral.
No caso de Mato Grosso, Mauro Mendes traçou, com o apoio do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), pré-candidato ao Governo do Estado, o presidente do PRD, empresário Mauro Carvalho, e com o ex-senador Cidinho Santos (PP), entre outros, estratégias no processo eleitoral, em duas frentes.
O objetivo, na primeira frente, é reforçar as fileiras dos partidos aliados e as candidaturas majoritárias de Otaviano Pivetta (Republicanos) e do próprio Mauro Mendes (FUP), que tende a caminhar com o deputado federal José Medeiros (PL) como outro candidato a senado. Nesse caso, ele, aposta numa coligação com o PLLiberal, sendo que, para tanto, abriu conversações com pelo menos dois deputados estaduais, ambos do MDB - Juca do Guaraná e Thiago Silva.
Outras movimentações em siglas aliadas, como o Republicanos, já se percebem, como a filiação do deputado estadual Chico Guarnieri (PRD), que se efetivou como deputado estadual com a eleição de Cláudio Ferreira (PL) prefeito de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá).
O ex-deputado Zeca Viana, que, por três mandatos, foi um dos nomes mais importantes na Assembleia Legislativa de Mato Grosso pelo PDT, é apontada como uma das estratégias para reforçar o nome de Pivetta e a possível chapa Mauro-Medeiros. Ligado ao agronegócio, Viana tem forte vinculação ao bolsonarismo.
A segunda frente de atuação é que, reforçando a chapa de deputado estadual e federal com dois atuais deputados do MDB, o grupo enfraqueceria a candidatura da deputada estadual e presidente do partido, Janaina Riva (MDB). Por sinal, diante do que ela classificou de "boatos", na semana passadam, negou intenção de desistir da disputa por uma das duas vagas para o Senado. Inclusive, reforçou que tem carreira política própria, consolidada e não dependeria de outros palanques para disputar eleições.
O grupo de Mauro Mendes já havia assediado o atual primeiro-secretário da Assembleia, Dr. João José de Mato (MDB), mas sem sucesso.
Juca do Guaraná considera como "normais" os convites para trocar de partido, mas não confirmou, tampouco negou. Se limitou a dizer que "está bem" no MDB. O deputado deve tentar a reeleição. Ele já foi vereador em Cuiabá por três mandatos.
Sua eleição foi consolidada pela força do MDB e, segundo algun,s pelo apoio do então prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, que hoje já se encontra filiado ao PDS de Carlos Fávaro. O ministro da Agricultura, que senador licenciado, é um adversário em potencial de Mauro Mendes, que, mesmo sendo considerado favorito, procura eliminar concorrentes do que correr o risco e encarecer a disputa eleitoral.
Como estabelece a lei, somente com a janela partidária os pretensos candidatos podem trocar de partido, sem correr o risco de perder o mandato, que pode ser reclamado pelo partido, diante do reconhecimento que os eleitos, proporcionalmente, dependeram dos votos dos demais membros. Ou seja, se somam os votos de todos os candidatos dos partidos, coligações e federações para se conquistarem vagas nos Legislativo, para então os mais votados ocuparem as vagas.
A janela partidária é o prazo de 30 dias, entre março e abril do ano da eleição, para aqueles eleitos proporcionalmente e que estão no último ano de mandato - deputados federais, estaduais e distritais (Brasília).
O deputado Thiago Silva foi veemente ao negar que pretenda deixar o MDB. Disse que não procedem as informações. Mas, recentemente, ele esteve, a convite do próprio Mauro, no Palácio Paiaguás, quando foram autorizadas obras rodoviárias consideradas relevantes para Rondonópolis.
O deputado disputou às eleições municipais em 2024 na cidade, seu maior reduto eleitoral, e foi dertotado pelo bolsonarista Cláudio Ferreira, que contou, assim como Abílio Brunini (PL), em Cuiabá, e Flávia Moretti (PL), em Várzea Grande, com o apoio "disfarlado" do Governo Mauro Mendes, embora o União Brasil tivessem candidatos próprios na ocasião
"Neste momento de pré-campanha, é muito comum o assédio para que atuais detentores de mandato eletivo trocquem de sigla. Isto é natural. Fui apenas e tão-somente sondado, convidado... Mas, estou bem no MDB e não pretendo sair", disseu Thiago Silva.
O assédio a deputados estaduais, a ex-deputados, prefeitos e vereadores, bem como ex-gestores públicos com potencial de votos, vai desde a oferta de cargos, passando por emendas parlamentares, apoios nas eleições de 2026, e "negociações indiretas", conforme revelou uma fonte.
A presidente do MDB no Estado, Janaina Riva, também considera "normal" a busca de partidos por novos filiados, principalmente aqueles que já têm um mandato eletivo. Mas, diz não acreditar na possibilidade de o seu partido perder nomes. Reforçou a confiança na permanência dos parlamentares na sigla e na real possibilidade de o MDB reforçar seus quadros.
"É sempre bom agregar novas forças políticas, pessoas, ideias e ideais. Mas, não vejo que necessito estar em palanque diverso do meu para poder disputar e ter sucesso. Quem disputa precisa de voto, palanque e união faz parte da disputa. Mas, o importante é ter o apoio do eleitor, da eleitora", disse.
Janaina Riva ainda lembrou que, enquanto ocupantes do Poder procuram indiretamente conquistar novos aliados, o MDB tem sido procurado por muitos que desejam disputar as eleições em busca do sucesso eleitoral.
“Assim como em qualquer situação na vida, às vezes, é melhor qualidade do que quantidade, em que pese quantidade de voto ser fundamental, mas qualidade é imprescindível”, completou a presidente do MDB.
FOTO MAYKE TOSCANO/SECOMMT









