VIOLÊNCIA DE GÊNERO E POLÍTICA

Presidente do PL já fala em expulsão e confirma abertura de investigação

 

O suplente de vereador, Samir Japonês (PL), será afastado de suas funções pela direção estadual do partido. A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), o denunciou à Comissão de Ética após embate entre os dois, motivado por discussões na tribuna da Câmara e o parlamentar chamá-la de mentirosa.

A informação foi divulgada pelo presidente estadual do PL, Ananias Filho, nesta sexta-feira (07).

Conforme Ananias, a prefeita já se reuniu com a cúpula por duas vezes e agora prepara uma peça unindo provas de que Samir teria disparado ataques pessoais fora da tribuna da Câmara, indicando atritos anteriores ao discurso no parlamento. Por isso, por cautela, afastará o vereador.

“O Samir tem liberdade na tribuna, na sua fala e ações. Ele tem direito integral como vereador, não pode ser tratado diferente. No exercício do mandato, ele tem direito de expressar, mas quando ele falta com respeito e supera a parte das ideias indo para a impessoalidade, repudiamos. Ele acabou externando falas contra a prefeita nas redes e estamos aguardando a prefeita. Ela vai formalizar uma denúncia contra ele, eu irei afastar preventivamente o Samir e abrirei procedimentos contra condutas dele não da fala dele no parlamento, mas nas condutas”, disse o presidente à Rádio Cultura FM.

Sem citar prazos, o presidente garante que Samir terá direito a ampla defesa, como rege os princípios da sigla. “Ele terá direito amplo de defesa. A Flávia vai expor os motivos dela, situações que ocorreram e faremos condução com maior lisura possível. O Samir é um quadro, a Flávia também, mas não posso deixar que afete a imagem do partido”.

Ananias ponderou que a fala do vereador não foi algo tão grave, já que a cobrança no cargo de prefeita é comum, mas errou ao pessoalizar a discussão.

“A cobrança com as coisas prometidas em campanha é natural, mas não podemos pessoalizar as discussões nem haver agressões contra a pessoa. Ela é mulher, é prefeita e precisa ser cobrada como tal, mas sem avançar o campo pessoal. Não sei o que virá nos autos do processo. Mas, o partido não se furtará de investigar”, emenda.

Na última quinta-feira (6), Moretti explicou à Rádio Cultura FM que além de pedir a expulsão do partido, representará judicialmente.

"Prefeita mentirosa"

Durante sessão extraordinária na quarta-feira (29), o embate entre Samir Japonês e Cleyton Nassarden, o Sardinha (MDB), acabou respingando na prefeita. A confusão começou quando o vereador Sardinha foi à tribuna para rebater críticas de grupos de WhatsApp, direcionado por pessoas próximas de Samir, que não cobrava soluções para a crise de abastecimento de água no município por ser vice-líder do governo.

Sardinha revelou que a esposa de Samir ocupa um cargo no Departamento de Água e Esgoto (DAE), com salário de cerca de R$ 8 mil.

A fala irritou Samir, que reagiu de forma explosiva. Ele subiu à tribuna, chamou o colega de mentiroso, disse que “a tribuna virou uma porcaria” e resgatou antigas acusações pessoais contra o vereador, citando supostos casos de traição e até de sexo no gabinete. O parlamentar partiu para o ataque contra a prefeita, a quem chamou de “mentirosa” e responsabilizou diretamente pela crise da água.

“Fui para as ruas, cobrei e cobro a água pela cidade, todo dia. A culpa dessa porcaria da água é do Jayme, Kalil que não resolveu e essa mentirosa, Flávia Moretti”, disparou.

A fala reverberou negativamente na Casa, já que Samir ocupa cadeira no Legislativo em função do vereador titular estar como secretário na gestão Moretti, que o próprio inclusive participou e foi líder.

 

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